segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Contracena


Palavras impróprias são as que eu queria dizer agora. Certas regras de respeitabilidade, no entanto, me impedem de dizê-las. Nada contra uma baixariazinha. Eu mesma me senti compelida a mandar dois ou três a merda. Tolhi-me pela prévia noção do ridículo.   

O exercício da maledicência pode não necessariamente ser oral, expresso por palavras de baixo calão. Ter aguçado minha visão sobre tudo o que passamos é mais saboroso do que te mandar a merda.

Nunca vi linhas tão mal escritas, nem personagens tão caricatos. Fomos o nosso pior pesadelo: personagens de segunda. Metidos até o pescoço em clichês e movimentações baratas de filmes de ação. Pretensiosos, queríamos ter saído de Kaufman, Bergman até Allen – um roteiro bem acabado faria jus nas nossas mentes.

A direção tava péssima – podemos alegar – a fotografia não ajudou e a trilha não criou o clima que deveria... Tantas desculpas para o nosso descompasso. Espero que, ao menos, isso tenha sido visceral para você.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Eu, Fernanda


Foda é quando a música que toca no rádio a qual nos identificamos é a do Jorge Vercilo. A ironia não podia ser melhor nessa situação. Meu acúmulo planetário tentou me alertar disso tudo – esse não-relacionamento que viveríamos. Eu, que li Shakespeare e Pessoa, que não me emocionava com as histórias clichês de amor da televisão. Tá bom. Me emocionava, mas só um pouquinho. E, diga-se de passagem, era emoção por emoção. Não apelava para o meu lado criadora experiente e crítica voraz das relações humanas.

 
Tá aí: rendida ao Jorge Vercilo. Devo estar na TPM para me identificar com algo tão ruim: Jorge e você. O Jorge... ah! Tudo bem. O Jorge nunca me deu a ilusão de ser meu, o Jorge nunca me excitou com um beijo na nuca, nem ficou em silêncio quando eu precisava de palavras gratas.

Você – objeto da minha idolatria insana – só precisava me dar um pouco mais, mostrar-se um pouco mais. Fazer tudo o que eu não fiz com os outros caras, além de você.

A ironia não está no fato de que me querem, e eu não os quero. Você que eu quero, eu não tenho. Isso é só um movimento compensatório da minha auto-sabotagem (coisa, aliás, de gente doida). Woody Allen já falou disso naquela metáfora daquele filme... como é mesmo o nome ? Aquela sobre um sócio e um club ou tênis no clube, badminton, cricket. Não importa. O que eu vejo de forma irônica é a minha entrega para o nada.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

About us

Para alguém que chorou comigo algumas vezes...

Tive que aprender a chorar sozinha. Porvires se afastaram pousando no silêncio de horas vazias. Penumbra se escondendo atrás dos montes distantes. Vagueia, vagueia. Cheiro de chuva que se aproxima, distante como pêlo, simples como a pele.


Lendo na face tátil e móvel transfigurada pelo passar, pude ver que tive que aprender a chorar sozinha.
E essa dor de cabeça dos infernos.